Cenas degradantes de uma sociedade saturada
Dia após dia vou confirmando como a nossa sociedade se vai tornando mais degradada, sem qualquer sinal de tolerância, sem qualquer cuidado para com o próximo ou até sem se fazer um esforço para viver em comunhão…
Começo a ter uma tendência de catalogar as pessoas em grupos e face ao episódio de hoje, atribui 3 grupos: O grupo das bombas relógio, o grupo de desarmamento, e o famoso grupo de espectadores…
Em situações de conflito encontra-se sempre um numeroso grupo de espectadores, mas por norma existe um equilíbrio no grupo das bombas com o grupo de desarmamento, quando isso não acontece (que cada vez é mais raro existir esse equilíbrio e o grupo de desarmamento está com falta de pessoal) sucedem-se “cenas”como a que fui obrigada a presenciar…
Tive que ir a um centro da segurança social, um espaço pequeno para a quantidade de pessoas que a área abrange, por isso sempre a “rebentar pelas costuras”. Civilizadamente meti-me numa fila para obter informações e a possível senha se fosse necessário por lá ficar o resto do dia com a esperança de ser atendida. A pequena sala estava cheia, o que não me surpreendeu e ouvia-se uma tensão na sala entre troca de palavras mais rudes que não me chamaram de início à atenção. Tentei abstrair-me do ambiente brincado com a minha pequena de meses que no meu colo distribuía sorrisos a quem quisesse reparar nela em vez de alcovitar sobre o que se passava na sala. Por norma mantenho-me totalmente abstraída deste tipo de situações, ou se necessário “infiltro-me” no grupo de desarmamento, mas com a pequena ao colo só havia algo sensato a fazer, manter-me alerta e em caso de “ guerra” dispersar rapidamente para local seguro… E assim comecei a tomar sentido no que se passava focando a minha atenção nas duas bombas relógio que por ali estavam e no segurança corpulento que por ali estava, que seria o pequeno grupo de desarmamento. Reparei que uma senhora de cor servia de tição à conversa acesas entre uma senhora (bomba) branca e outra senhora (bomba) de cor que trocavam palavras em português e crioulo, o tição dizia para a branca falar em português para todos saberem o que dizia, entre outras palavras de ordem, a branca nem cheguei a perceber o que dizia pois encontrava-se distante de mim, na outra ponta da sala e a dois passos de mim a senhora de cor discutia com a frase repetida «tu não falas assim comigo, quem tu pensas que estás a mandar p’ra sua terra?! Quem tu pensas que és? Cala-te! Cala-te!» a outra de lá retorquia. O segurança nada fazia a não ser ameaçar chamar a policia. A bomba de cor vem até meio da sala, mesmo ao meu lado, deu o alarme de estar quase a explodir e gritou-lhe «CALA-TE VACA, TU CALA-TE», a branca “voou” até ela e disse-lhe «ESTÁS A CHAMAR VACA A QUEM?!», dei de imediato as costas ao violento engalfinhando das duas bombas, que se agrediam como podiam, aguentei a pressão como pude para dar passagem a uma grávida que me respondeu «pode sair, eu fico aqui a ver» e procurei dirigir-me para a rua, passando pelo terreno que ela minavam, que por pouco (sorte mesmo, ainda joguei no euromilhões) o vidro da caixilharia por onde tive que passar não se partiu com o embate das bombas, apenas se soltou, senão teria caído mesmo em cima de mim com a minha pequena…Na rua vi que já lá estava um policia que as separou, esperei um minuto para me recompor daquele espectáculo de violência gratuita e meditei se valia a pena voltar para dentro e resolver o assunto, vi a bomba de cor sair para a rua e apanhar uma pedra da calçada regressando ao seu posto e decidi que me ia embora, que não me apetecia ver um filme de (má) acção com tanta violência gratuita, dei um beijo à minha pequena que continuava a sorrir a quem passava alheia à degradação da sociedade que lhe é prometida e fui…
1 Comments:
Post 5* sobre as relações em sociedade. O grupo do desarmamento tb é o meu. Infelizmente o grupo dos espectadores cresce cada vez mais. E alguns deles ainda acicatam os elementos do grupo das bombas-relógio. Temos que procurar fazer a nossa parte, ó Curiosa, para desarmar os elementos do grupo das bombas-relógios... Terrível é tb que o grupo ao qual a sociedade paga para desarmar as bombas-relógio, chame-se PSP ou seguranças, nem sempre o faça...
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